24/01/2013

Por que temos a sensação de déjà-vu?

Postado em 24.1.13  | No marcador  Ciência



Você já teve a sensação de ter vivido uma mesma situação anteriormente? Essa é a sensação de déjà-vu, com estimativas de que já tenha acontecido com pelo menos 1/3 da população mundial.
 

A expressão, que significa “já visto” em francês, é um exemplo de ilusão de memória. A pessoa acredita que esteve anteriormente em determinado lugar ou passou por tal circunstância, mas, na verdade, aquilo nunca ocorreu daquela maneira. A definição do termo foi proposta em 1983 pelo neuropsiquiatra Vernon M. Neppe no livro “The Psychology of Déjà Vu”. O déjà-vu é desencadeado por algum detalhe semelhante entre as duas situações e faz com que a pessoa duvide sobre ter vivido aquela cena, daquela mesma maneira.

Essa confusão é gerada por um erro no processo de reconhecimento da memória ou por uma sobreposição de circuitos da memória de curto e de longo prazo. “É como um falso reconhecimento que desencadeia uma sensação de familiaridade a essa nova cena”, explica Clélia Franco, neuropsiquiatra da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Essa impressão de familiaridade se explica pelo fato de a pessoa ter vivido aquele estímulo, seja através de uma foto, descrição e até mesmo na internet, e ter prestado atenção o suficiente para gravar a cena por completo em sua memória”, explica Sonia Brucki, neurologista do Departamento de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia.

Essas associações são inconscientes e desencadeadas em situações que relembrem partes de uma memória armazenada. O déjà-vu envolve os lobos temporais frontais do cérebro, responsáveis por relacionar imagens vistas com as memórias.

Um estudo publicado na revista científica “Cortex”, em março de 2012, revelou que o cérebro de pessoas que experimentaram déjà-vu tem diferenças estruturais em relação aos indivíduos que não tiveram, havendo uma explicação neurológica para a reação. “As áreas envolvidas nesse fenômeno são as referentes ao processo de percepção, memória e reconhecimento, localizadas no lobo temporal, no hipocampo e na amígdala”, revela Clélia.

A ocorrência do déjà-vu não produz efeitos no seu cérebro, mas a sua existência frequente pode indicar uma causa patológica para sua origem, uma espécie de sintoma para lesões nas áreas envolvidas, indicando epilepsia ou doença psiquiátrica. “Essa sensação pode acontecer com qualquer pessoa, entretanto é mais recorrente em quadros de epilepsia, quando as crises se iniciam no lobo temporal do cérebro. Em alguns casos, ela também pode ser interpretada como um sintoma de esquizofrenia”, conta Brucki.

É possível que exista uma base ou predisposição genética para explicar o modelo neuroquímico do déjà-vu, mas, de fato, não existem explicações conclusivas sobre as causas do fenômeno, que continua a ser um mistério da psicologia humana.

uol

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