Como um ativo seguidor e participante dos debates sobre a reforma do Código Florestal, que se arrastam há mais de 12 anos, me vejo no papel de confessar que tenho tido dificuldade de entender cada nova maldade que as “Carminhas” da bancada ruralista inventam para destruir nossas florestas.
A impressão que tenho é que a cada momento são feitas novas propostas -
como o fim da proteção da vegetação das margens dos rios localizados na
região Nordeste, os chamados rios intermitentes - para assustar o
governo, barganhar e arrancar novas concessões. Até porque se tem uma
coisa que essa bancada sabe fazer muito bem é jogar verde para colher
maduro.
E, do lado da presidenta, de onde seria possível esperar orientações
para uma atuação coordenada para fazer valer a sua folgada maioria
parlamentar, uma vez que praticamente não existe oposição ao seu governo
no Congresso Nacional, o que se vê é um bate cabeça sem fim. Na
verdade, é preciso dizer que nesse assunto, Dilma nunca quis aplicar o
guia governamental de convencimento parlamentar, que fica reservado para
momentos mais intensos da conveniência presidencial.
Foi assim que a bancada ruralista venceu mais uma disputa durante a
votação do texto da Medida Provisória (MP) n?571/12, aprovado na Câmara
dos Deputados na semana passada e ontem, no Senado. Esta MP foi feita
justamente para preencher as lacunas que haviam sido criadas pelos vetos
da presidenta ao texto de reforma do Código, aprovado em abril. Em
troca da retirada da incômoda proposta sobre os rios intermitentes, as
lideranças do governo aceitaram reduzir ainda mais a largura das faixas
de terras a serem replantadas nas beiras dos rios nas já famosas áreas
de preservação permanentes (APPs). Pelo visto, de nada adiantou o
bilhetinho de Dilma puxando as orelhas dos seus ministros quando soube
que eles haviam feito um acordo para aprovar esse texto. E agora, o que
fará a presidenta?
uol
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