Muitos
dos tais planos que a muito vinham sendo desenrolados como se krito tivesse
encontrado a ponta do novelo de lã, tornaram-se pobres folhas que voaram com um
vento repentino, pobre de um coração embebido de orgulho sem começo, meio ou
fim.
Algumas
faíscas tocaram mais profundo que a mais devoradora chama clamando por
folhagens aquecidas com a força de raios, essas tocaram o homem cravejado de
mágoas como se um dia tudo tivesse sido ilusão.
Nada
de planos, nada de conjugações ensaiadas na frente do espelho, nada da droga de
amor que se esconde atrás de um ódio desmedido, nada de pensar na melhor roupa
e no jogo de olhares submersos em desprezo.
Ilusão
de homem forte, triste irrealidade que me fez desperdiçar resmas e resmas de
pensamento para escrever as que seriam as mais duras das orações já proferidas
por uma boca fechada.
Língua
rachada por vontade de gritar, ou talvez por não ter dado aquele último beijo,
aquele último abraço embalado pelo balé do lenço de linho branco cortando o vento
da tarde ribeirinha.
Somente
nas folhas que fugiram de minas mãos e em mais nada ficou o olhar apaixonado
vestido de rancor, um sentimento de quem ama sem que o correio lhe entregue uma
só carta, sem um só botão de flor no solitário da sala.
Os
nossos mares levaram jangadas do Oiapoque ao Chuí, só não levaram minhas mãos
para junto das tuas, só não foram sopradas contra essa corrente que nos separa,
que nos uniu.
Não
temo por esse sentimento que me faz aqui desabafar, somente as perguntas
circundam minha mente e me trazem medo, e ao mesmo tempo em que sinto a
necessidade de amor, começo a perceber que tão pouco fui programado para amar.
Ailton
Barros
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