17/03/2012

Dos planos

Postado em 17.3.12  | No marcador  Expressão

Muitos dos tais planos que a muito vinham sendo desenrolados como se krito tivesse encontrado a ponta do novelo de lã, tornaram-se pobres folhas que voaram com um vento repentino, pobre de um coração embebido de orgulho sem começo, meio ou fim. 

Algumas faíscas tocaram mais profundo que a mais devoradora chama clamando por folhagens aquecidas com a força de raios, essas tocaram o homem cravejado de mágoas como se um dia tudo tivesse sido ilusão.

Nada de planos, nada de conjugações ensaiadas na frente do espelho, nada da droga de amor que se esconde atrás de um ódio desmedido, nada de pensar na melhor roupa e no jogo de olhares submersos em desprezo.

Ilusão de homem forte, triste irrealidade que me fez desperdiçar resmas e resmas de pensamento para escrever as que seriam as mais duras das orações já proferidas por uma boca fechada.

Língua rachada por vontade de gritar, ou talvez por não ter dado aquele último beijo, aquele último abraço embalado pelo balé do lenço de linho branco cortando o vento da tarde ribeirinha.

Somente nas folhas que fugiram de minas mãos e em mais nada ficou o olhar apaixonado vestido de rancor, um sentimento de quem ama sem que o correio lhe entregue uma só carta, sem um só botão de flor no solitário da sala.

Os nossos mares levaram jangadas do Oiapoque ao Chuí, só não levaram minhas mãos para junto das tuas, só não foram sopradas contra essa corrente que nos separa, que nos uniu. 

Não temo por esse sentimento que me faz aqui desabafar, somente as perguntas circundam minha mente e me trazem medo, e ao mesmo tempo em que sinto a necessidade de amor, começo a perceber que tão pouco fui programado para amar.



Ailton Barros


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