16/01/2012

Gelo não é tão bom para tratar dores musculares quanto se imagina

Postado em 16.1.12  | No marcador  Ciência

O gelo ("ice", em inglês), que é o "I" da sigla "Rice" (que quer dizer "rest, ice, compression, elevation", isto é, "repouso, gelo, compressão, elevação"), continua a ser o protocolo-padrão para lidar com lesões relacionadas a práticas esportivas. Ele também é bastante utilizado para tratar músculos que estão doloridos, mas não estão exatamente machucados, uma artigo publicado neste mês pela revista Sports Medicine coloca tal prática em questão, avaliando em que medida ela pode ser prejudicial.

No artigo, pesquisadores da Universidade de Ulster e da Universidade de Limerick, ambas irlandesas, examinam cerca de três dezenas de pesquisas anteriores sobre os efeitos do uso de gelo para combater dores musculares. Nem todos os resultados da análise são reconfortantes.

Na maioria das pesquisas, o gelo se mostrou bastante eficaz na diminuição da dor. Mas os pesquisadores descobriram que ele também reduziu significativamente a força e potência muscular por até 15 minutos após sua aplicação ter terminado.

O gelo também tende a diminuir a coordenação motora fina. Algumas das pesquisas analisadas constataram que as pessoas, depois de aplicações de gelo, experimentaram diminuição da propriocepção no membro contundido, isto é, da percepção do posicionamento de uma parte do corpo, como um braço ou perna. Muitas vezes, o resultado disso foi um desempenho atlético pior, pelo menos a curto prazo. Os voluntários não foram capazes de saltar tão alto ou correr tão rápido, nem de arremessar ou atingir uma bola tão bem quanto de costume após 20 minutos de aplicação de gelo.

"O conjunto de evidências de que dispomos hoje sugere que o desempenho dos atletas provavelmente é prejudicado quando eles retomam a sua atividade imediatamente após o resfriamento", concluíram os autores.

O resfriamento provavelmente também "afeta as propriedades mecânicas da unidade músculo-tendão", afirmou ele. Ou seja, músculos e tendões que deveriam trabalhar em conjunto sem problemas não conseguem fazê-lo.

É claro que muitos atletas amadores utilizam compressas frias em outras circunstâncias - depois de um treino, por exemplo, ou para aliviar a dor de uma distensão muscular. Uma análise publicada em 2004 concluiu que, embora as compressas frias pareçam de fato reduzir a dor provocada por lesões agudas de tecidos, os efeitos globais do resfriamento de músculos lesionados ainda não tinham sido "totalmente elucidados", de modo que um número muito maior de pesquisas se fazia necessário. Um pequeno experimento casual realizado no ano passado não encontrou benefícios perceptíveis da aplicação de gelo em rompimentos musculares ocorridos na região da perna.

Os músculos resfriados não sararam mais rápido, nem passaram a doer menos do que os tecidos não tratados. Porém, como os pesquisadores salientaram, é difícil estudar esse processo cientificamente, dado que você não pode esconder da pessoa se ela está sendo de fato tratada ou recebendo um placebo. As pessoas geralmente conseguem identificar se os seus músculos estão mais gelados ou não.




uol

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