Guardei a noite de ontem para tomar um sorvete, aliás, para acompanhar uma amiga que tomou os dois sorvetes (o dela e o meu). Enquanto eu fazia o papel de acompanhante, algo bastante corriqueiro me chamou atenção, um carro (não conheço marca ou modelo) de cor prata que estava sendo usado para o teste dos freios.
O caso é que os freios estavam bem em se tratando de manutenção, já que de longe se ouvia os gritos dos pneus ao fazer o retorno próximo ao terminal rodoviário. Isso me indignou!
Quem cedeu a Avenida Dr. João da Silva Lima para tais testes?
A apaixonada por sorvete que estava ao meu lado ficou bastante apreensiva pela minha revolta com o fato relatado acima, segundo ela eu não deveria me importar com algo que nada tinha a ver comigo. Como não devo me indignar? Perguntei a ela apontando para uma criança que brincava bem na calçada que o “testador de freios” encostava enquanto os pneus sopravam.
Gostaria muito de saber o que passa pela cabeça de um “cidadão” desses que mal sabe a importância da sua própria vida e põe em risco a vida de quem nem sabe da sua existência. Quando há uma tragédia, infelizmente em grande parte o motorista se vai, e na maioria das vezes leva consigo quem apenas saiu ao domingo para tomar um sorvete ou acompanhar uma amiga.
Quantas lágrimas mais temos que derramar?
Quantas mães ainda veremos debruçadas sobre os corpos frios de seus meninos?
Quantas crianças crescerão sem os pais para acompanha-los ao primeiro dia de aula?
Quantas vezes mais eu tenho que indignar-me para que as pessoas tomem um pouco mais de responsabilidade e entendam que ao mesmo tempo em que põe sua vida em risco, existe gente que apenas quer tomar um, ou dois sorvetes e voltar para sua casa, dar um beijo de boa noite na família e pôr comida para seus animais de estimação?
Quantos mais partirão por irresponsabilidade de quem não ama a vida?
Eu amo aminha vida e tenho que permitir que todos também amem e cuidem das suas.
Vamos tomar um sorvete?
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