22/04/2010

Final

Postado em 22.4.10  | No marcador  

     

Então vamos dar prosseguimento... O próximo capítulo dessa viagem filosófica sem sentido é o próprio fim. Talvez final. E qual é a diferença? Não quero aqui me abster a morfologia dessas palavras, se final é adjetivo e fim é substantivo, se o correto é fim de semana e não final de semana, porque o antônimo de fim é começo e a gente não chama inicial de semana, mas início de semana... Quero me levar mais uma vez pelo sentido que essas duas palavras se apresentam diante de mim, repito, diante de mim. Eu poderia falar no termo fim, já que anteriormente falei de começo, para entrar de vez no jogo dos contrários, mas é justamente por não acreditar no fim, que insisto em final. Bem verdade que a vida é feita de contrários, só que numa ótica moderna e ocidental, os antagônicos são puros em sua concepção. O bem é totalmente bem e o mal, totalmente mal. Da mesma forma, o começo é totalmente começo e o fim totalmente fim. Duas totalidades distintas? Não acredito. Gosto mais da maneira oriental de pensar a totalidade. Pra ser total é necessário que todas as facetas estejam presentes em sua oposição, se relacionando, se transformando e originando novas possibilidades. Do contrário, esse todo é desarmônico e sem sentido. Pura dialética que rasga o véu do radicalismo. Isso é isso e aquilo é aquilo. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Não necessariamente! Pensamento louco? Pode ser, mas é apenas mais uma forma de ver o mundo no meio de tantas outras.

     Então vejamos, por que não fim? A palavra fim me dá uma sensação de acabamento, de definição, daquilo que não terá mais retorno, do abrupto deixar de existir. Considero que não há nada que exista por si só, nem há nada que deixe de existir em si mesmo. Tudo o que há se relaciona e, por relacionar, se transforma. Por isso, falei do final na perspectiva de um quê de começo no post intitulado “Começo”. Por isso, quando falo final tenho a impressão de um movimento que não termina, simplesmente TO BE CONTINUED como explorei no final do mesmo post. Por isso, exito em colocar a palavra fim seguida de um ponto final. Eu prefiro utilizar a interrogação. Fim? Algumas novelas fazem esse tipo de sacada, marcadamente estratégica, é óbvio, mas recorrendo ao sentido filosófico (se é que eu posso encaixar-lhe aqui) as coisas não acabam nessa ideação de fim, elas atingem o ápice, como sempre acontece no final e retomam o sagrado ofício da continuidade, uma continuidade espetacularmente original, sem repetições de trajetória. O que pode acontecer, e o que geralmente acontece, é que a gente desvia o olhar para a expectativa de outro grande momento e acaba esquecendo das coisas depois do momento final. Veja bem, o registro continua ali, na memória ou no real, presente ou inconsciente, porque esquecer não é apagar, é guardar para depois...

     EnFIM, ops! quer dizer, aFINAL, todo ponto final  não tem fim em si mesmo. A história continua, em outra página, em outro momento, em outro cenário, mas sempre continua...  E, se o ponto final dá vez a reticência, fica mais que evidente o sinal da continuação. Talvez por isso eu goste tanto de reticências. E tenho dito...
FIM
FINAL

dri chaves

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